cheia de mim
Dezembro 15, 2014
Há sempre aquela altura em que me começo a degradar aos olhos de outrem. Essa altura acaba sempre por chegar e não te dou mais um ano para que não desistas de vez e digas a todos que eu era insuficiente para nós. Que eu não tinha ponta que se pegasse, que não tinha princípio, meio nem fim. Que eu era uma curva complicada, com troços e cheia de buracos. Que cada vez que me atravessavas o caminho era sempre diferente, que não me achavas nem mesmo com a ajuda da bússola. E os meus olhos negros de pavor, aterrorizados pela própria imagem que refletia nos teus. E eu vou assinar por baixo. Sou um caos, um precipício com um chão desconhecido, um poço em que nunca ninguém caiu. Até um abraço que ninguém ousou querer ter sempre por perto. Não me consigo desembrulhar de mim. Sou demasiado para mim. Chego a ser demasiado para dois. Sinto-me carregada e sem tempo para explodir mas quando o arranjar não vai restar nada senão pó. E não vou ser lembrada porque nem por isso consigo fazer.