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Asfixia Verbal

Asfixia Verbal

cheia de mim

Dezembro 15, 2014

  Há sempre aquela altura em que me começo a degradar aos olhos de outrem. Essa altura acaba sempre por chegar e não te dou mais um ano para que não desistas de vez e digas a todos que eu era insuficiente para nós. Que eu não tinha ponta que se pegasse, que não tinha princípio, meio nem fim. Que eu era uma curva complicada, com troços e cheia de buracos. Que cada vez que me atravessavas o caminho era sempre diferente, que não me achavas nem mesmo com a ajuda da bússola. E os meus olhos negros de pavor, aterrorizados pela própria imagem que refletia nos teus. E eu vou assinar por baixo. Sou um caos, um precipício com um chão desconhecido, um poço em que nunca ninguém caiu. Até um abraço que ninguém ousou querer ter sempre por perto. Não me consigo desembrulhar de mim. Sou demasiado para mim. Chego a ser demasiado para dois. Sinto-me carregada e sem tempo para explodir mas quando o arranjar não vai restar nada senão pó. E não vou ser lembrada porque nem por isso consigo fazer.

 

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morremos

Dezembro 08, 2014

  Vi egoísmo nos teus olhos, destruição no meio das tuas mentiras e falsas lágrimas vindas de falsa felicidade em volta dessas olheiras, mais que cansadas, mas com esperança de que eu ficasse mais uma vez. Senti-me cansada da tua máscara então eu corri e não olhei para trás. Deixei-me afogar no mar e emergi como um novo eu, como um fantasma com uma segunda oportunidade de remediar o que perdeu. Agora sou a minha âncora, a minha concha, a minha própria sepultura. Isto é talvez o meu melhor eu. Longe é o melhor lugar para eu estar.

 

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(ar)dor

Outubro 09, 2014

  Ai o que eu fui fazer! Porque me meto em caminhos em que sei que as probabilidades de me perder são demasiado elevadas? Porque me sento sempre à beira do poço se sei que vou adormecer e cair? Porque é que tenho tendência em ir contra a dor em vez de evita-la? Eu atraiu a desgraça. Tenho uma paixão descontrolada com a mágoa. Devo gostar mesmo de me sentir sem valor. Sem chão. E penso e repenso e dou a volta a todos os rascunhos guardados bem lá no fundo da minha memória e questiono-me com coisas passadas de validade. Vou ao lixo e vasculho. E corto-me. Corto-me nas garrafas quebradas à procura de respostas em folhas repletas de ferrugem. Ferrugentas dos cacos, do frio do vidro quebradiço. E sinto cada palavra como se tivesse sido escrita ontem... e fico sem ar. Axfixio-me.

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descida acentuada

Setembro 04, 2014

  Sinto-me cada vez mais perdida e ninguém consegue perceber isso. Tudo o que oiço é "Vais ficar bem.", "Estás assim porque queres.", "Não tens razão para isso." como se soubessem o que estou realmente a sentir. Sinto-me uma missão falhada, um puzzle incompleto, sem rumo, de peças perdidas... sem esperança. Mas é fácil ser eu. No ponto de vista dos outros eu posso mudar isto ao acordar, num estalar de dedos. Amanhã posso acordar sem quaisquer sinais de depressão, deitar os comprimidos pelo ralo abaixo e sorrir como se este capítulo nunca tivesse sido escrito. Só ainda não descobri o botão apagar pois este filme está quase realizado. Não tenciono ser a protagonista mas, caros espectadores, não estou em posição de poder escolher ou mudar isso, vai além do meu querer.

  Se eu queria ser feliz? Acho que qualquer pessoa o quer e eu não escolhi estar infeliz ou apática. Só gostava que pelo menos tentassem compreender e senão o conseguirem, por favor, estejam calados. Não preciso de palavras de conforto nem festinhas na cabeça pois sempre recusei o papel de vítima. E, verdade seja dita, tenho-me escondido muito bem atrás das cortinas e só abro a janela quando tenho a certeza que já tenho as lágrimas enxutas e vontade de forçar um sorriso. O meu pedido é simples: não me julguem. Se não conseguirem calçar os meus sapatos ao menos não me julguem. Não me condenem. Não me tentem mudar. Não desejo emprestar a minha pele a ninguém.  

 

auto-destruição

Março 24, 2014

  São só emoções. Emoções a quererem levar o melhor de mim. E vão à frente, avante com a sua destruição. E quebro, no chão, como se fosse feita de vidro. Frágil, incapaz de trabalhar a indiferença. E moldo-me ao medo. Moldo-me ao prazer da queda, ao meu lado fraco. Suportando o sangue que me corre, mais quente que nunca. Acelero sem noção do terreno onde poderei aterrar. E fui. Fui vítima do desprezo que tenho de mim. Desprezo-me ao ponto de não querer saber onde vou parar com isto. Quando abrando, quando irei encontrar conforto na pele que visto. Na pele que me esconde feitios e defeitos. E sou feita assim, fora de medida, com dor a transbordar fora. E lá se foi a transparência, a arte que melhor dominava.

 

??

Fevereiro 12, 2014

  Eu fui embora. Perdi-me algures. Deixei-me. Não sei onde me escondi. Perdi a noção do que sou. Ou do que era. Já nem sei. Estou confusa e sou eu o centro da confusão. Tropecei em mim mesma e o equilíbrio não voltou mais a ser o mesmo. Fui ao encontro da minha destruição. Que me aconteceu? Estou acordada? Ergui-me um dia e já não era eu. Outrem. Alguém que não sei bem explicar como é. Um poço de incertezas. Sem sentido. Já nem isto faz sentido. Sinto-me na pele de uma pessoa que nem tive oportunidade de conhecer. Procuro respostas e só consigo encontrar mais perguntas, espalhadas, também perdidas. Serei algo novo? Ou estava eu escondida no fundo do armário? Sou eu mesma? Só me descobri agora? Que foi feita da pele que despi sem dar conta? Foi ao adormecer. Tenho medo de adormecer. Não quero acordar diferente amanhã. Não quero voltar a mudar repentinamente, sem explicação. Não me percebo. Não consigo entender o que sou. Que faço eu aqui? Este coração não parece ser meu. Onde fui? Onde estarei agora?

 

um pouco com sabor a muito

Novembro 18, 2013

  Ando a querer-te em demasia o que me deixa em perigo. Perigo de enlouquecer um pouco mais do que devia. De ficar agarrada a ti como se fosses droga nas minhas veias. Como se não conseguisse respirar sem ti. Mas preciso de um minuto contigo. Preciso dos teus lábios por cinco. Preciso do teu corpo por uma boa hora. Sem hora marcada, quando a vontade apertar. À balda. Com pressa, sem pressa. Tu escolhes. Conduz-me. Só não me deixes apaixonar. Não de novo. Não quero passar pelo mesmo. Quero um presente em torno da paixão. O amor é para tontos. Não posso ficar tonta por ti. Beija-me, aperta-me, morde-me, envolve-te mas promete que não me deixas cair. Que isto não seja uma armadilha. Não me desarmes agora que me tenho vindo a preparar melhor que nunca. Mas preciso disto. De uma recaída. Irracional. Não me faças pensar demasiado. Entre nós, entre carne. Entre nada mais que um desejo por saciar.

 

sem mim

Novembro 06, 2013

  Ando ausente. Dei um tempo à vida, ando à espreita a ver os dias passar, os outros a conversar, com um café sempre à disposição. Mesmo no meu canto continuo a errar e tenho a certeza que este foi o maior erro que já cometi. Passou demasiado tempo. Deixei ir tudo embora, quis ficar sozinha e agora já nem sei tomar decisões. A culpa é minha. E enquanto finjo que está tudo bem, choro. Por dentro, num vazio tremendo sem ninguém dar conta. Continuo a estar lá para eles mas ninguém se esforça em tentar perceber. E nem assim consigo ver que isso está errado. Sou eu. Só eu. Há dias em que sinto que são a repetição do anterior. Monotonia. Detesto-a. Com tanto tempo livre e ao mesmo tempo tão atarefada. Entender-me é uma tarefa difícil e estes meses ainda não foram suficientes. Não gosto de pedir ajuda mas sinto-me sem vida. A desfalecer. Quem me dera a mim que isto não passasse de um exagero! Só gostava de perceber o que ainda me faz aguentar, que me suporta por um fio fazendo-me levantar todas as manhãs como uma marioneta. Pronta para o mesmo propósito. Desgaste de um quotidiano sem graça. Sem nada, sem recheio apenas rodeado por mágoa.

 

recomeço

Maio 04, 2013

  Tão adultos mas vivendo um amor tão adolescente. No fundo eu invejo-os. Também quero amar disparatadamente. Cometer erros, gritar com o outro, aceitar defeitos, perdoar no minuto seguinte à discussão que levou pratos a desfazerem-se quase em cinzas. Que todos os pormenores signifiquem algo, que tudo seja tão frágil que me deixe com medo, que me faça chorar no meu cantinho junto à minha almofada. Mas ao menos iria ter a capacidade de sentir. Sentir-me viva, sentir-me com algo tão valioso que me faça soluçar em torno desse receio de o perder. As lágrimas, os sorrisos. Toda aquela rotina que não descola com nada. Na verdade, eu já amei. Num passado que fui obrigada a apagar. Desaprendi tudo. Mergulhei na amnésia. Já não sei o que é amar. No entanto quero fazê-lo de novo como se fosse a primeira vez. Experimentar. Diz-me então, Amor, que faço eu agora? Ensina-me. Prometo ser a melhor aprendiz que já tiveste. 

 

um passo em frente

Maio 04, 2013

  O meu coração anda com fome, mal alimentado. Os restos da última desilusão já não o satisfazem, muito pelo contrário. Prenderam-no em torno da anorexia. Tão leve e ao mesmo tempo tão pesado. Tão vazio mas cheio. Cheio de desgostos, já com pó. Pronto a trocá-los por algo um pouco mais saudável. Paixão. Sangue carregado de paixão. Mais quente mas com alguns calafrios. Bombear sem preguiça. Farto de estar a um canto, solitário. Suspiros de amor, ouvi eu. O pequeno está cansado de ser insignificante. Quer troca de energia. Uma fonte de alimentação fiel. Carícias. Toques leves. Beijos que sobreaquecem o motor. Exige que me entregue a algo mais. Algo que nos dê um sorriso maior. Quer sorrir. O meu coração quer sorrir. Está na hora. Está mais que na hora...

 

Divagando.

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